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terça-feira, 16 de março de 2010

Totonho & Os Cabra (2001)






















01 Cabra Pentium
02 Segura a Cabra
03 A Vítima
04 Tudo Pra Ser Feliz
05 A Rainha
06 Nhém Nhém Nhém
07 Glacias
08 Musicacubana
09 Drum & Bass Na Feira
10 Nhém Nhém Nhém (Reprise)
11 Babaovomidi
12 Zelimeriana
13 Fax Para Cartomante
14 O Vaqueiro


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Ainda que reivindique (justamente) sua individualidade no cenário da novíssima MPB, é difícil não associar de cara o trabalho do compositor Totonho à (r)evolução preconizada pelo manguebeat. Para ser mais correto, a música de Totonho leva adiante as idéias de Chico Science, com ênfase ainda maior na invencionice - e na vontade de contemporaneizar o sertão nordestino. Lançando mão generosamente da eletrônica, Totonho obtém um raro efeito de estranhamento no casamento da rusticidade de sua voz (aparentada à de Lenine) com os blips e blops sintetizados. É puro samba do paraíba doido, não raro desgovernado, mas que inevitavelmente impressiona pela vitalidade.

Totonho desossa a tradição nordestina e obtém resultados interessantes em várias faixas. Soa desconstruído e esparso em Segura a Cabra/Romualdo e Zé Resteu (Medley); lança mão de cavaquinho e beats sampleados, colados com a metaleira do Funk Como Le Gusta em Tudo Pra Ser Feliz (que também demonstra um bom letrista); e capricha no groove, filtrado com sutileza, o que cai bem em Musicacubana. Ao recuperar o canto galopante/falado dos repentistas, ataca de forró + eletrônica (Drum'n'bass na Feira) e electro-funk caatingueiro (Babaovomidi). E chega até - no momento mais radical - a misturar hardcore, techno e frevo em Zélimeiriana. Tudo isso fica, em vários momentos, à beira da indigestão. Mas o paraibano acerta ao optar pelo excesso (e não pela escassez) de idéias.

Em meio a tantas referências quase desconexas, Totonho também espanta pelo caminho inverso, o da simplicidade. Ele revela-se um melodista capaz de belas surpresas: Nhém Nhém Nhém, com arranjo mais ortodoxo, é um achado de balanço suave; assim como a lírica Glaciais, só teve a ganhar com sua instrumentação econômica e delicada. Há também espaço para a harmonia manhosa de A Vítima, onde mais uma vez é possível ouvir a influência de Lenine. (Marco Antonio Barbosa)

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